sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

A leitura da Palavra

Quando falamos em leitura, pensamos logo no processo de alfabetização, compreensão e interpretação de palavras. Porém, leitura é muito mais que decodificar palavras, é ler o mundo das imagens, dos símbolos, das relações e dos sentimentos. Paulo Freire afirmava que a leitura de mundo antecede a leitura da palavra e caracteriza-se pelas relações entre o indivíduo e tudo aquilo que o cerca.

Como leitor, o ser humano constrói-se como agente de sua própria história. Para isto, a leitura de mundo, de tudo aquilo que Deus criou (Sl 19), é essencial para o desenvolvimento da sua fé. Com o auxílio do Espírito Santo, a leitura torna-se viva, ampliando a visão do leitor.
Para o cristão, é importantíssimo conhecer o registro da palavra da verdade, que é a palavra de Deus, a Bíblia. Ela é um livro especial que traz os princípios da fé do povo de Deus através dos tempos. A manifestação divina mostra-se ativa no desenvolvimento do ser humano e esta interação, do ser com o Divino, através da leitura de mundo e da leitura da palavra, resultará na construção de atitudes significativas para a vida cristã.
O hábito da leitura exige esforço e reflexão, mas não deixa de ser fonte de prazer, visto que o que prevalece é a troca de idéias entre o autor e o leitor (Nm 8.1-8). O registro da palavra de Deus nos oferece exemplos da importância do ato de ler. Crianças judias, desde a tenra infância, eram levadas a amar a palavra (Pv 4.1-10). Quando adolescente (Lc 2.42-51), Jesus mostrava capacidade não só para citar passagens bíblicas, como depois de adulto ainda citá-las com extrema rapidez (Lc 4.16-17). Paulo de Tarso, mesmo idoso e encarcerado (II Tm 4.13), não se esquecia de suas leituras, deixando-nos um exemplo de determinação e coragem.
Formar leitores assíduos e interessados é o grande desafio de todo educador de EBD e de Escola Teológica, visto que o incentivo à leitura é o caminho para fixar no coração do ser humano as verdades acerca da fé e da fidelidade. Para alcançar seus objetivos, deverá adotar metodologias específicas para cada departamento da igreja ou faixa etária.
Primeiramente, é importante, que o educador ame a leitura e seja um ávido leitor, por que somente assim, terá condições práticas para estimular a leitura. Posteriormente, poderá utilizar recursos como contação ou narração de histórias para grupos de crianças (fantoches, flanelógrafo, maquete, dobradura, dramatização,...). Para grupos de adolescentes e jovens, o educador poderá utilizar leitura compartilhada, procurando relacionar com o contexto do educando, como também troca-troca de livros, onde todos poderão participar de acordo com as suas preferências. Para grupos de adultos ou Escola Teológica, o educador poderá formar um bate-papo entre leitores, onde a sua função será de estimular a interação do leitor com o escrito, chamando a atenção para elementos não percebidos no texto, desencadeando assim o ato interpretativo.
Logo, formar leitores, não é simplesmente decodificar símbolos e manipular palavras, é antes de tudo, estimular a ler o mundo e através das interações de leitura conhecer a Deus. Esta interação despertará novos ideais, trará contentamento e o desenvolvimento espiritual do ser humano, porquanto a sabedoria entrará no coração e o conhecimento será agradável à alma (Pv 2.10).

Boas Leituras!!


Texto de Angela Cristina Hammann

Nenhum comentário:

Postar um comentário